O meu sobrinho Henrique (perdão, 272), sempre que vai ao escritório e vê lá as minhas esporas, pega nelas e eu digo-lhe: quando começares as aulas de equitação dou-te essas esporas que também já foram do teu pai!
Ele adora cavalos. Desde pequeno tem um cavalo, castanho imaginário de que tinha de tomar conta, e nós, principalmente a Gi, derretíamo-nos com o facto. Cresceu, e aprendeu a montar. No Paddock já tinha chegado à fase dos saltos. Ele gosta.
Agora é diferente.
Num picadeiro, com vinte marmelos, dos quais 18 odeiam cavalos, Tudo é diferente. A correria para a escolha do cavalo, o montar com alguns cavalos já em movimento e, o mais terrível de tudo: passar no meio do picadeiro. Sim porque quando o cavalo vai a «olhar» para a parede, nós ainda o controlamos, mais ou menos, mas agora no meio..... é o pânico! É coice por todo o lado... É carga e galope desenfreado.... É quedas...
Nessa aula calhou-me o Alfange. Um lindo alazão, novo ainda a «desbastar». E quem lá em cima? Je.
O Alfange era um «teenager», a querer mostrar a sua força e teimosia, e eu, um teenager, morto de medo para que ele fosse «meiguinho». O Alfange não gostava de fazer os cantos ao picadeiro, e eu, lá lhe puxava a rédea direita e dáva-lhe com a bota esquerda para ele olhar para a parede como se dissesse: vá lá, faz os cantos, pleaaaaaaaasssssseeeeee...
Mas ele nada. Jovem, forte, e teimoso. O Major Ataíde, já farto da situação, coloca-se entre mim e a parede com os braços abertos para o obrigar a encostar à parede. Quando o Alfange o vê, faz uma finta, e foge pelo picadeiro a fora. E eu? Eu lá me agarrei com os dois braços à volta do pescoço dele e lá fui agarradinho até ele decidir travar em frente à parede, e atirou-me contra esta partindo o braço esquerdo.
O Major ainda me começou a bater com o pengalim para que eu voltasse a montar (método pedagógico para perder o medo), mas eu, tinha o braço partido e tive de dar baixa ao hospital.
O Alfange lá continuou. Soube que fez várias baixas na Academia.
Eu? continuei com medo dos cavalos e com o relógio no braço direito.
Por isso, Henrique, leva as esporas e evita os «Alfanges».
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