17/06/2010

Coisas que marcam....«Põe água fria que isso passa»

O Tadeu, era professor de ginástica no Colégio na altura em que lá estive.
O Tadeu não era professor da Classe Especial. As "acrobacias" mais arriscadas para alunos do 3º grupo, no qual me inseria, era saltar um plinto em extensão com os pés juntos: fazer a chamada no trampolim, voar por cima do plinto, apoiar as mãos no outro extremo, encolher os joelhos para o peito e fazer passar os pés por entre as mãos, ou então, a pior era voar por cima de mesas alemãs impulsionados de forma razoavelmente aleatória por uma cama elástica, destreza esta que me deixava a suar antes da aula só de pensar que o tinha de fazer.
Apesar da pouca sofisticação da manobra, era frequente os alunos não conseguirem executar os passos todos; quando os pés não conseguiam passar por entre os braços e "encravavam" na extremidade do plinto, ou, o que me aconteceu, o salto era de tal forma grande e tosco que motivava geralmente uma queda desamparada para a frente, de cara no tapete, apesar da ajuda voluntariosa do Tadeu.
Enquanto o desgraçado do aluno se torcia com dores no meio do chão, achando que tinha partido qualquer coisa, o Tadeu exclamava o seu famoso "põe água fria que isso passa", e lá ia o aluno até à casa de banho efectuar o tratamento de acordo com a prescrição.
Nunca vi o Tadeu manter na aula um aluno que estivesse magoado. O "põe água fria que isso passa" significava simplesmente "vence a pieguice e a dor, percebe onde é que fizeste asneira e volta a tentar de imediato, porque se conseguires fazer bem vais ganhar confiança e fazer melhor no futuro, mas se desistires o plinto parecerá maior da próxima vez e podes não conseguir voltar a passá-lo".

Sem comentários: